quinta-feira, junho 25, 2009

corda bamba

depois de muita luta
óbvio é a ausência de palavras
para descrever o teu efeito em mim
infectas-me a cada instante que sinto a tua presença
tua presença é radioactiva, teu calor suplanta-me
eu eu enlouqueço, perco os sentidos, digo disparates
envergonho-me constantemente com minha falta de controle
Inocente é a tua conquista
teu efeito é como vinho, é como perfume
é como uma muralha em cima de mim, que meu coração deseja aguentar
é insensato, eu sei, mas como lutar contra insensatez quando estamos a amar?
a corda bamba é tão fina, não sei se chegarei até ti.

quinta-feira, abril 02, 2009

what about Mrs. Porter?

Her love is unusual
It betrays her all the time she tries to concentrate
and catchs her unprepared
it's like a frozen ice, and it's there, but when she feels it, it melts
and her love is unusual
different from the books and from the music
it's more earth-like, more visible, athought unseen
It carries her on every morning through the day
and slips her home at night
only sometimes with a smile, some others she is preoccupied
still her love is unusual
it indulges her when she thinks she is loosing it
reminds her of the beginning, when it was laughter, then came the quarrel
and the beginning again.
but she forgets the dark, at least most of the time
though her love is unusual
it's a part of me on the other side of the other room
And because I don't see it as true love, problably it is the most true I've ever grown.

Peristáltico

junto minhas mãos na esperança que esse acto me ajude
parece que rezo, mas é só aparência
foi sem sentido no início e o é agora
Que remédios minha alma busca? Que escapes minha indolência procura?
Tenho o avesso da selvageria, uma mísera mordida de mosca tsé-tsé
como que empalado, e nem isso me agita.

terça-feira, março 03, 2009

RollerCoaster

Hoje sou meu parque de diversões
Com suas montanhas russas
seus trens fantasmas
e suas maçãs do amor.
Sinceramente não simpatizo com essa complexidade
porque e somente porque não me consigo desvendar.
Eu nunca quisera ser um mistério tão grande
uma caixa de pandora tão infinita.
Mas minha própria aurora me impede de ser previsível
ou visível à sensibilidade alheia.
Não morreria de amores por um eu mais simples.
Muito sinceramente, acharia-me muito aborrecido.
Mas tanto labirinto muitas vezes me deixa exausto.
E já cansei demais de não encontrar nem sinal da maldita saída.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Mentira no Amor ou Três Marias

Aquela que inventa o amor
Que encontra o amor em cada palavra que ele lhe dirige
em cada gesto insignificante, em cada frase divertida
em cada mensagem copiada.
Mesmo as brigas, são brigas de amor.
Mesmo nos beijos repetidos, na cama reutilizada, nas noites ausentes
Ela inventa-lhe o amor.

Aquele que engana o amor
Esquivando-se o mais que pode
Ensaiando promessas vagas e frases sem muito efeito
Olhares e tons já insuportáveis, abraços e beijos repetidos.
Ele dispersa o amor o quanto pode, tenta impedi-lo de acontecer.
Na cama pouco usada, nas noites demasiado presentes
ele tenta enganar o amor.

Aquela que esforça-se em amar
ou algo parecido
Porque no amor não acredita
não pretende ser a única carta fora do baralho.
Ela evita promessas e futuros muito previsíveis
evita repartir o seu mundo, evita assumir o outro como parte do seu imenso mundo.
Com seus beijos ensaiados e seu sussurro por independência
Ela esforça-se que sua cama se pareça com a de alguém que acolhe,
em noites pouco claras, em noites às claras, em noites cada vez mais solitárias,
ela tenta que ele acredite que ela consegue amar.

Aquela que inventa o amor, aquele que o engana e a outra que nem sequer acredita.
Mas o amor ainda insiste, ainda resiste. Pelo menos enquanto as três Marias o invocarem.

Restos

As feridas foram todas lavadas, levadas
roubadas enquanto eu dormia.
A angústia abandonou-me sem dizer adeus.
Assim fez a impaciência, que não me suportou mais.
Depois, como já eram poucos, foram-se também embora
a insatisfação, a angústia e o pouco do meu desespero.
Quando me encontrei livre e leve, tentei desesperar e não cosegui
Tentei me angustiar por não ter nada com o que me preocupar, mas falhei
Tentei sabotar-me de todas as formas, mas faltavam-me as armas
Quando me encontrei livre e leve, já não sabia mais como funcionar.
Sem bagagem, pronto a recomeçar, sem saber para onde ir
E nem um pouco preocupado com isso.

O Eco

Gelado
Calado
Imobilizado
Destroçado
Espantado
Horrorizado
Destruído
Agitado
Desnorteado
Inconsolado
Desmoralizado
Perdido
Devassado
Atordoado
Abandonado
Perdido

Apaixonado!

segunda-feira, novembro 17, 2008

Nosso Estranho Amor

Efémero o primeiro contacto
Paixão no primeiro encontro
Fugaz o amor sentido
Mas com espessa intensidade
"Nunca te conheci, sempre te amei"
Sendo o sempre o pouco que estivemos
Mas o que amei foi o que vi, o que senti, o que experimentei
foi amor só com presente, só com o agora
Não há amor futuro
Não há amor programado
Mas há amor surpresa, amor presente.

domingo, novembro 16, 2008

A Ironia do Amor



Pode-se rejeitar o amar?
Quantos sentimentos um homem pode ter que seja capaz de controlar e domar? Capaz de ser senhor deste sentimento? Penso que muitos. Mas existem dois sentimentos, e somente dois, que ultrapassam o homem, e o controlam. Controlam suas acções, seu raciocínio, sua índole, seu auto-respeito. Os dois sentimentos são opostos e no entanto a sua distância os aproxima, e a sua oposição faz com que um seja o reflexo invertido do outro. Exactamente iguais, mas inversos.
Mas na luta pelo controle do homem, só um deles sai campeão. Só um deles consegue destruir o seu dono sem misericórdia alguma, e é capaz de fazer um ser humano esquecer sua própria existência, a própria consciência de sua existência.

Por isso escrevi essa pequena prosa, em homenagem a este grande sentimento dominador.

Diz-me quando posso sair,
quando poderei me alimentar
quando poderei olhar para os lados,
jogar para longe a trela que me puseste.
Diz-me quando me darás licença para cantar,
e para deixar o sol secar as lágrimas em meu rosto.
Quando poderei chorar por outra razão que não a que me sugas?
Deixar de esperar a tua esmola para apaziguar meu desespero?
Quando deixarei de desesperar perante a minha imagem solitária no espelho?
E quantas coisas eu deixarei de ser, somente para poder continuar a ser aquilo que eu não consigo mais ser?
Deixa-me caminhar com minhas próprias pernas e perder-me quando eu bem entender
Ter a liberdade de ser dono do meu destino, poder escolher minhas próprias prisões.
Esqueça-me e deixa-me voltar a ser o meu potencial
voltar a ser o meu inteiro, o centro do meu próprio universo.
Não posso te remover
Mas posso te odiar
e assim te reverter.

quarta-feira, setembro 24, 2008

de onde vem a força?

Há momentos que tudo se move ao mesmo tempo
tudo cai, tudo derrama, tudo muda de lugar
e não estamos atentos, quanto mais preparados
para o movimento da crosta terrestre.
Não há como salvar o mundo
nem com a minha ajuda,
nem com a sua.
Os pratos quebram, o leite derrama
as paredes somem
o coração espreme-se em lágrimas.
E nós ficamos ali, inertes, por pura incapacidade,
a carregar a dor a tiracolo.
Fechamos os olhos na espera que o monstro desapareça
mas não resulta
Adormecemos na esperança de um novo dia
mas o dia amanhece no mesmo indesejado gris
Tentamos até jogar tudo para o alto,
mas a gravidade e sua força nunca nos salvam nestes casos.
Repito, nunca.
Mas eu estou firme mesmo sem paredes
E embora afogado, ainda respiro. E muito.

Pois sobrevivemos apesar de correnteza contrária
apesar da força excessiva que fizemos para remar,
sobrevivemos sempre.
E há uma força estranha em somente sobreviver
por mais desfigurados que tenhamos ficado.
Queiramos ou não, o sol aparecerá em brilho novo
e voltaremos a enxergar com mais verdade.
Mas não nos enganemos com o mundo de amanhã.
Mesmo em tudo que nos é inédito há a memória daquilo que outrora amamos
E é daí que vem a força
Sem qualquer motivo aparente
há uma força que sempre vem.
Uma força em você que faz tudo mudar
que sempre tentará colocar tudo de volta no lugar, mesmo sem encaixar.

Mesmo quando não houver mais paredes, nem chão ou céu
Incompreensivelmente é a tristeza que nos fará felizes
Pois ela será o testemunho da felicidade que vivemos juntos.

(para "you know who you are")