segunda-feira, novembro 17, 2008

Nosso Estranho Amor

Efémero o primeiro contacto
Paixão no primeiro encontro
Fugaz o amor sentido
Mas com espessa intensidade
"Nunca te conheci, sempre te amei"
Sendo o sempre o pouco que estivemos
Mas o que amei foi o que vi, o que senti, o que experimentei
foi amor só com presente, só com o agora
Não há amor futuro
Não há amor programado
Mas há amor surpresa, amor presente.

domingo, novembro 16, 2008

A Ironia do Amor



Pode-se rejeitar o amar?
Quantos sentimentos um homem pode ter que seja capaz de controlar e domar? Capaz de ser senhor deste sentimento? Penso que muitos. Mas existem dois sentimentos, e somente dois, que ultrapassam o homem, e o controlam. Controlam suas acções, seu raciocínio, sua índole, seu auto-respeito. Os dois sentimentos são opostos e no entanto a sua distância os aproxima, e a sua oposição faz com que um seja o reflexo invertido do outro. Exactamente iguais, mas inversos.
Mas na luta pelo controle do homem, só um deles sai campeão. Só um deles consegue destruir o seu dono sem misericórdia alguma, e é capaz de fazer um ser humano esquecer sua própria existência, a própria consciência de sua existência.

Por isso escrevi essa pequena prosa, em homenagem a este grande sentimento dominador.

Diz-me quando posso sair,
quando poderei me alimentar
quando poderei olhar para os lados,
jogar para longe a trela que me puseste.
Diz-me quando me darás licença para cantar,
e para deixar o sol secar as lágrimas em meu rosto.
Quando poderei chorar por outra razão que não a que me sugas?
Deixar de esperar a tua esmola para apaziguar meu desespero?
Quando deixarei de desesperar perante a minha imagem solitária no espelho?
E quantas coisas eu deixarei de ser, somente para poder continuar a ser aquilo que eu não consigo mais ser?
Deixa-me caminhar com minhas próprias pernas e perder-me quando eu bem entender
Ter a liberdade de ser dono do meu destino, poder escolher minhas próprias prisões.
Esqueça-me e deixa-me voltar a ser o meu potencial
voltar a ser o meu inteiro, o centro do meu próprio universo.
Não posso te remover
Mas posso te odiar
e assim te reverter.