Ela fechara-se em algo, há anos atrás. Poderia chamar-lhe de seu mundo, mas não podemos nomear o que não conhecemos. Ela trancara-se em seu quarto, ou na sua contínua rotina de adquirir mágoas. Seus entes mais próximos não sabiam o que dizer ou o que não dizer quando ela estava presente. Tudo era guardado, colecionado para transformar em tijolo para o seu muro. Eram eles, seu mais próximos, a causa de tal distanciamento ou apenas tentavam lidar com alguém que não se aproximava mais? Eles agiam com ela como agiam com qualquer um ou não? Quem tinha feito o que antes?
Por que ela seria diferente dos outros? Por que não teria a força de separar o que prestava do que não tinha valia nenhuma? Por que não era capaz de fabricar suas próprias defesas em vez de seus próprios refúgios?
Seu filho sempre desencadeava as reações a que ele chamava de tsunami. Chamava-os assim porque antes estava tudo calmo, e antes da grande onda que devastaria tudo, sentia as emoções se retraírem, o mar recuar, como que tomando força para se jogar sobre tudo e todos logo a seguir.
Ele convencera-se que sua mãe não se aproximava mais. Mesmo na distância de dois mundos, a força da saudade, que poderia ser a a impunsionadora do fim de todas as barreiras, era ,pelo contrário, a força para a fundação de mais um muro. Nas conversas triviais eram cortinas, e nas mais profundas eram silêncio.
E isso ele cobrava dela e ela cobrava dele. Acusavam-se um ao outro dos crimes que ambos se culpavam. A culpa bumerangue por uma deficiência não assumida.
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