segunda-feira, maio 21, 2007

Homem-Bomba

Sou um assassino em série,
Não te quero perder, mas levo-te para a multidão e corro.

Por mais que eu tente eu não te esqueço,
e isso só te devora em mim.

Sou péssimo a guardar lembranças e ótimo em inventar desilusões.

Invento milhares de vidas e nenhuma me serve.

Nem a palma da minha mão eu conheço,

muito menos o que ela deseja tocar.

Sigo tateando e tropeçando sem nunca cair,
sem nunca machucar-me

e também sem nunca realmente prosseguir.

Paro para olhar, na esperança de estar em outro planeta,

mas a gravidade é voraz.

Queria apodrecer, mas nem isso,

pois o barro que sou feito condena-me.

Meus olhos foram-me tirados no check-in,

Meu coração extraviou-se
e meu destino nunca chegou a embarcar.
Espalhei-me e não me consigo juntar,

e confundo todas as partes com os mesmos erros.

Engano-me no perfeito
pois de imperfeito já me basto.
O mesmo imperfeito que me esvazia e me falta.

Meu grito é mental,
mas é uníssono a todo o som que escuto.
Existem milhares como eu
,
mas nenhuma parte se encaixa e nem se deixa encaixar.
As tempestades só acontecem na tv,

e fazem-me sonhar.

Um dia eu ainda serei notícia.

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