quinta-feira, junho 28, 2007

Big Bang

Não consigo lembrar-me do que vi primeiro. Tu ou o meu amor por ti.
Sinto como se tivesse sido uma coisa só. Tu eras o meu próprio amor.
Vi-te e me vi ao mesmo tempo. Cumprimentei-te e gaguejei.
Acho que teu perfume invadiu-me de imediato. Desde então nunca mais respirei sossegado.
O vírus do amor crônico, daqueles que nunca nos abandonam, tornou-me escravo e me libertou daquilo que alguém definiu como vida, mas na verdade era nada, até aquele preciso momento.
De repente toda a forma de arte me espelhava.
Compreendi o significado do mundo e suas forças.
Foste o meu despertar e meu eterno sonho.
A minha evolução como pessoa começara naquele instante.
Nunca viria a ter-te.
Mas também nunca viria a perder-te.
Nem mesmo a mim.

domingo, junho 10, 2007

Saudades Nº1

Tenho um altar dentro de mim
onde, dentro de uma linda caixa de cristal penetrável e transparente,
guardo o coração que já foi teu.
Lúcido, vibrante, enérgico,
ele bate infinitamente com amor e viscosidade.
Sinto saudades do que éramos quando estávamos juntos,
mas não sinto de ti como és agora.
O ontem já foi perdido e é no hoje que te tenho.
Foste o elo mais forte que alguma vez conheci,
terminou porque tinha que terminar,
já desenterrei tudo que podia para poder ir beber desse amor quando necessitar.

sábado, junho 09, 2007

O mais profundo espelho

Há vários reflexos de mim no espelho
Nenhum que me sirva por completo,
mas cada um, um ser a parte.
O maior conflito é não poder ser todos
e sentir a dor de sufocar alguns de mim.
Porque estes precisam ser inteiros, espaçosos, completos,
e estes não podem ser eu.
Eu quero ser os que compartilham, os que dão a vez ao outro,
o que cansa e passa a vez, de vez em quando.
Quero ser aqueles que são múltiplos e convexos,
aqueles que confundem qualquer tipo de identificação.
Os definidos e egoístas, embora fortes, devem ser removidos de mim,
pois seriam o meu fim.
É essa a minha luta.

segunda-feira, junho 04, 2007


Espero que esteja telefonando para mim!

faith additional lyrics

Em 89 o Robert Smith, do The Cure, improvisava letras a algumas músicas. Ele criava-as ali, naquele momento. Olha que bonito estes versos.




Introdução

Vieste de boa vontade e eu não tinha nada para mostrar
Eu chamei e vieste
e eu me travesti de mim mesmo
Vesti todas as roupas de meu armário, velhas e puídas
Sorri como eu lembrava que eu sorria
Fingi que faiscava ao falar do meu passado,
mas já o vivi demais, já o gastei demais.
Não havia nada em mim,
nem vontade nem paralisia,
nem temor nem charme
nem conquista nem fuga.
Mesmo assim quiseste a verdade,
minhas aflições já gastas e indecisas,
meus suspiros constantes,
minha sujeira acumulada.
E eu dei-te tudo que pediste,
assim como vieste,
eu disse.
E assim foste embora,
e eu fiquei.